segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Em um ano, 12 espécies entram na lista de extintas

O rinoceronte negro está criticamente ameaçado de extinção e uma subespécie foi declarada extinta em 2011. Foto: AFP

O rinoceronte negro está criticamente ameaçado de extinção e uma subespécie foi declarada extinta em 2011
Foto: AFP


Angela Joenck

Neste mês, a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, produzida pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), foi atualizada. Chamada pela revista especializada Science de "barômetro da biodiversidade", a nova versão conta com 61,9 mil espécies e lista animais e plantas em risco ou já considerados extintos. Falando com exclusividade ao Terra diretamente da Universidade de Cambridge, o responsável pela lista, Craig Hilton-Taylor comenta algumas das mudanças na lista e fala dos desafios da preservação das espécies.

"Perder qualquer espécie ou subespécie não é bom. Porém, perder uma espécie é pior, porque aí você perde muita diversidade genética", explica Hilton-Taylor. "Pelo menos com a subespécie, você ainda pode contra com alguma diversidade genética daquele grupo", diz o especialista, que cita a possível cruza de subespécies como alternativa para salvar o rinoceronte branco do norte (Ceratotherium simum cottoni) - neste ano, a Lista passou a categorizar o rinoceronte negro do oeste (Diceros bicornis longipes).

"Conforme o que a gente sabe, restam apenas quatro exemplares deste animal (o rinoceronte branco do norte) em regime de semi-cativeiro, pois eles vieram de um zoológico. Mas se pudéssemos cruzá-los com, digamos, o rinoceronte branco do sul, seria uma forma de salvar os genes deles. Mas tenho certeza que alguns puristas não iriam gostar nem um pouco da ideia de misturar os genes das subespécies", afirma o pesquisador da IUCN.

Do ano passado para cá, 12 espécies de seres vivos foram adicionadas à lista de extintas. "A maioria das extinções não são recentes e aconteceram há muito tempo", afirma Hilton-Taylor Ele afirma que a demora ocorre devido ao período necessário para reunir um número suficiente de evidências negativas para considerar a espécie como extinta.

E, segundo ele, os impactos do desaparecimento de uma espécie também não são imediatos. "As pessoas podem não notar impactos imediatamente, e isso depende muito do papel da espécie no ecossistema, porque a perda de algumas delas afetam processos importantes. Por exemplo, uma lesma pode ser importante na filtragem da água e o seu desaparecimento significaria que a qualidade daquela água iria decair", explica.

"Pode ser uma espécie que as pessoas dependam para comida ou até para fins medicinais, como no caso de algumas plantas, e aí é necessário achar alternativas. Ou pode ser até uma espécie de importância cultural ou espiritual, e a sua perda pode afetar a comunidade, que em troca, vai começar a agir de forma diferente, afetando o ecossistema", diz.

Mas a lista da União Internacional pela Conservação da Natureza não é feita somente de más notícias. Exemplos como os cavalos de Przewalski (Equus ferus) passaram da categoria "criticamente ameaçadas" para "ameaçadas". Esses cavalos foram declarados extintos da natureza em 1996, mas um programa ambiental fez com que a população se recuperasse a partir de espécimes em cativeiro, e hoje ela é estimada em mais de 300 exemplares.

Mesmo assim, a IUCN alerta que 25% dos mamíferos estão sob risco de extinção, e ideias futurísticas de preservação, como preservação de DNA para clonagem, ainda não são realidade. "A idéia de clonagem ainda ronda por aí, mas não é um processo tão fácil como se imagina. Não há um consenso na comunidade científica sobre a clonagem ser algo positivo ou negativo ou até mesmo se é uma opção viável a ser buscada. Ainda temos um longo caminho a percorrer no desenvolvimento da tecnologia para clonagem, e só então vamos verificar se é uma opção útil ou não", diz Hilton Taylor. "Mas ela nunca será a única opção, pois não resolve o problema da maior ameaça às espécies, que é a perda de habitat devido as crescentes necessidades humanas", afirma.

Veja as espécies de animais que entraram em 2011 na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas na categoria extintos:

Anabarilius macrolepis: um peixe de água doce natural da China. Foi visto pela última vez nos anos 70, mas entrou em extinção quando o lago Yilong secou devido a agricultura. Adicionado à Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas em novembro de 2011.

Platytropius siamensis: mais um peixe de água doce, desta vez da Tailândia. Visto pela última vez entre 1975 e 1977. Acredita-se que a espécie se tornou extinta como resultado da canalização do rio Chao Phraya. Adicionado à Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas em junho de 2011.

Pennatomys nivalis: um roedor das ilhas de São Cristovão e Nevis, no Caribe. Não é visto desde os anos 30, e as possível causa de extinção mora na introdução de predadores ao ecossistema. Adicionado à Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas em novembro de 2011.

Cyclura onchiopsis: uma iguana que era somente encontrada na Ilha Navassa, nas Índias Ocidentais. A exploração da area por mineradores é a provavel causa da extinctão. Adicionada à Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas em junho de 2011.

Islamia ateni: um molusco somente encontrado em uma fonte de águas termais em Lerida (nordeste da Espanha). Vista pela última vez em 1969. A fonte é usada pelo público para banho e foi profundamente alterada pela construção de uma rodovia e pelo uso da água. Adicionada à Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas em junho de 2011.

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