Um crime cotidiano apavora todos os que gostam de animais: o extermínio de cães e gatos por envenenamento. O delito é praticado principalmente com o uso de "chumbinho", uma substância de venda teoricamente controlada, mas facilmente adquirida em lojas agropecuárias em todo o país e em algumas cidades encontrada até mesmo em feiras livres e camelôs.O "chumbinho" (carbamato aldicarb) é um agrotóxico proibido em diversos países, mas seu uso é permitido no Brasil, onde é também o responsável pelo maior número de mortes por intoxicação entre humanos. Esta ocorre de forma acidental, atingindo grande número de crianças, bem como intencionalmente, em 80% das tentativas de suicídio e na maioria dos casos de homicídio por envenamento. No Rio de Janeiro o assunto é tratado como problema de saúde pública. Muitas das intoxicações ocorrem pela ingestão de alimentos contaminados. Um único grama do veneno pode matar uma pessoa de até 60 quilos. Se inalado, o produto percorre a corrente sangüínea e também pode levar rapidamente à morte.Toxicologistas dizem que o veneno não tem cheiro nem gosto, mas lesa o sistema nervoso central, causando transtorno neurológico, parada cardíaca e paralisia dos pulmões. Quem o ingere fica inerte, baba, tem convulsões e pode morrer por asfixia. Em cães e gatos o efeito é bem semelhante, atingindo principalmente pulmões, fígado e rins.
O sofrimento é atroz.
O nome popular "chumbinho" se deve a sua forma de apresentação, em pequenos grãos de cor cinza-chumbo. Comercializado com o nome de Temik 150, é produzido pela poderosa multinacional alemã Bayer. Sua venda é autorizada em estabelecimentos credenciados, mediante a apresentação da receita emitida por um profissional agrônomo e apenas em sacos de 20kg. Na lavoura é usado principalmente em plantações de algodão, batata, café, cana-de-açúcar, cítricos e feijão, onde esta substância também contamina o solo e o lençol freático. Porém, o produto
é vendido quase livremente em lojas agropecuárias não autorizadas, sem a apresentação de receita e de forma fracionada e sem rotulagem, para uso como raticida e para extermínio de animais domésticos, especialmente de cães e gatos. Não é difícil obter pequenos pacotes com cerca de 20 gramas do poderoso veneno, junto a comerciantes que "driblam" a frágil fiscalização. Inicialmente desconfiados, os vendedores logo tiram o produto de trás do balcão quando lhes é pedido um "raticida mais forte" (que os convencionais), um "veneno pra matar um bicho maior" (cães, gatos etc) ou "as bolinhas cinzas pra matar rato".
As intoxicações e mortes ocorrem há décadas e o IDEC - Instituto de Defesa do Consumidor, de São Paulo, desde 2003 vem pedindo providências à ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Porém, a venda e o uso indiscriminados continuam fazendo inúmeras vítimas.Segundo ambientalistas, é raro flagrar os envenenadores de cães e gatos, quase sempre moradores ou comerciantes da região onde cometem este outro crime, o de maus-tratos aos animais (Lei Federal 9065/98, artigo 32). Agem alegando o "incômodo" causado pelos cães ou para evitar ataques de gatos a pássaros engaiolados, animais da fauna silvestre, estes muitas vezes mantidos de forma ilegal. "O envenenamento por ‘chumbinho’ é uma das principais crueldades perpetradas contra cães e gatos e intoxica muitos humanos, levando-os a uma morte terrível. O comércio e uso da substância deveriam ser totalmente proibidos no Brasil. Emergencialmente, a forma mais eficaz de combater esta ilegalidade é fiscalizar as agropecuárias e punir severamente os criminosos, que ironicamente vivem às custas dos animais. Inclusive com o fechamento de seus estabelecimentos. Porém, a fiscalização tem se mostrado muito deficiente. As autoridades alegam dificuldades para flagrar estes comerciantes inescrupulosos, mas qualquer cidadão compra facilmente o produto", denunciam os ativistas.
Maurício Varallo
Coordenador do site Sentiens Defesa Animal
www.sentiens.net
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E NÓS É QUE
SOMOS OS IRRACIONAIS????????
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